sábado, 6 de novembro de 2010

Anapanasati Sutta A Atenção Plena na Respiração (continuação)

(A Realização dos Sete Fatores da Iluminação)

29. "E como Bhikkhus, os quatro fundamentos da atenção plena são desenvolvidos e cultivados de modo que realizem os sete fatores da iluminação?

30. "Bhikkhus, quando um bhikkhu permanece contemplando o corpo como um corpo, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo – nessa ocasião a atenção plena constante é estabelecida naquele bhikkhu. Sempre que a atenção plena constante tenha sido estabelecida num bhikkhu, nessa ocasião o fator da iluminação da atenção plena é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da atenção plena; nessa ocasião o fator da iluminação da atenção plena alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.

31. “Permanecendo assim com atenção plena, ele investiga aquele dhamma com sabedoria, ele o examina, faz uma análise. Sempre que um bhikkhu permanece assim com atenção plena, nessa ocasião o fator da iluminação da investigação dos fenômenos é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da investigação dos fenômenos; nessa ocasião o fator da iluminação da investigação dos fenômenos alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu..

32. “Enquanto ele investiga aquele dhamma com sabedoria, ele o examina, faz uma análise, a energia dele é estimulada sem enfraquecimento. Sempre que a energia de um bhikkhu é estimulada sem enfraquecimento enquanto ele investiga aquele dhamma com sabedoria, nessa ocasião o fator da iluminação da energia é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da energia; nessa ocasião o fator da iluminação da energia alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.

33. “Quando a energia dele é estimulada, surge nele o êxtase. Sempre que o êxtase surge num bhikkhu cuja energia é estimulada, nessa ocasião o fator da iluminação do êxtase é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação do êxtase; nessa ocasião o fator da iluminação do êxtase alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.

34. “Naquele cuja mente está elevada pelo êxtase o corpo fica tranqüilo e a mente fica tranqüila. Sempre que o corpo fica tranqüilo e a mente fica tranqüila num bhikkhu cuja mente está elevada pelo êxtase, nessa ocasião o fator da iluminação da tranqüilidade é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da tranqüilidade; nessa ocasião o fator da iluminação da tranqüilidade alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.

35. “Naquele em que o corpo está tranqüilo e que sente felicidade a mente se torna concentrada. Sempre que a mente fica concentrada num bhikkhu cujo corpo está tranqüilo e que sente felicidade, nessa ocasião o fator da iluminação da concentração é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da concentração; nessa ocasião o fator da iluminação da concentração alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.

36. “Ele olha de perto com equanimidade para a mente assim concentrada. Sempre que um bhikkhu olhe de perto para a mente assim concentrada, nessa ocasião o fator da iluminação da equanimidade é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da equanimidade; nessa ocasião o fator da iluminação da equanimidade alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.

37. "Bhikkhus, sempre que um bhikkhu permanecer contemplando as sensações como sensações, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo ... (repetir como no verso 30-36) nessa ocasião o fator da iluminação da equanimidade alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.

38. "Bhikkhus, sempre que um bhikkhu permanecer contemplando a mente como a mente, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo ... (repetir como no verso 30-36) nessa ocasião o fator da iluminação da equanimidade alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.

39. "Bhikkhus, sempre que um bhikkhu permanecer contemplando objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo ... (repetir como no verso 30-36) nessa ocasião o fator da iluminação da equanimidade alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.

40. "Bhikkhus, é quando os quatro fundamentos da atenção plena são desenvolvidos e cultivados desse modo que estes realizam os sete fatores da iluminação. [12]

(continúa)

Fonte Acesso ao Insight - Michael Beisert: editor, Flávio Maia: designer.

[12] MA diz que a passagem acima mostra os fatores de iluminação coexistindo juntos, em cada momento da mente, na prática da meditação de insight.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Anapanasati Sutta - A Atenção Plena na Respiração (continuação)

(A Realização dos Quatro Fundamentos da Atenção Plena)

23. "Como, bhikkhus, a atenção plena na respiração é desenvolvida e cultivada de modo que realize os quatro fundamentos da atenção plena?

24. "Bhikkhus, sempre que um bhikkhu, inspirando longo, compreende: ‘eu inspiro longo,’ ou expirando longo, compreende: ‘eu expiro longo,’ inspirando curto, compreende: ‘eu inspiro curto,’ ou expirando curto, compreende: ‘eu expiro curto’; ele treina assim: ‘eu inspiro experienciando todo o corpo (da respiração)’; ele treina assim: ‘eu expiro experienciando todo o corpo (da respiração)’; ele treina assim: ‘eu inspiro tranqüilizando a formação do corpo’; ele treina assim: ‘eu expiro tranqüilizando a formação do corpo’ – nessa ocasião um bhikkhu permanece contemplando o corpo como um corpo, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Eu digo que esse é um corpo entre os corpos, ou seja, a inspiração e a expiração. Por isso, nessa ocasião um bhikkhu permanece contemplando o corpo como um corpo, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.

25."Bhikkhus, quando um bhikkhu treina assim: ‘eu inspiro experienciando o êxtase’; ele treina assim: ‘ eu expiro experienciando o êxtase’; ele treina assim: ‘eu inspiro experienciando a felicidade’; ele treina assim: ‘eu expiro experienciando a felicidade’; ele treina assim: ‘eu inspiro experienciando a formação da mente’; ele treina assim: ‘eu expiro experienciando a formação da mente’; ele treina assim: ‘eu inspiro tranqüilizando a formação da mente’; ele treina assim: ‘eu expiro tranqüilizando a formação da mente’ – nessa ocasião um bhikkhu permanece contemplando sensações como sensações, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Eu digo que essa é uma certa sensação entre as sensações, ou seja, a cuidadosa atenção à inspiração e à expiração. Por isso, nessa ocasião, um bhikkhu permanece contemplando sensações como sensações, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.

26. "Bhikkhus, quando um bhikkhu treina assim: ‘eu inspiro experienciando a mente’; ele treina assim: ‘eu expiro experienciando a mente’; ele treina assim: ‘eu inspiro satisfazendo a mente’; ele treina assim: ‘eu expiro satisfazendo a mente’; ele treina assim: ‘eu inspiro concentrando a mente’; ele treina assim: ‘eu expiro concentrando a mente’; ele treina assim: ‘eu inspiro libertando a mente’; ele treina assim: ‘eu expiro libertando a mente’ – nessa ocasião um bhikkhu permanece contemplando a mente como mente, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Eu digo que não há o desenvolvimento da atenção plena na respiração naquele que é desatento e desprovido de plena consciência. É por isso que nessa ocasião, um bhikkhu permanece contemplando a mente como mente, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.

27. "Bhikkhus, quando, um bhikkhu treina assim: ‘eu inspiro contemplando a impermanência’; ele treina assim: ‘eu expiro contemplando a impermanência’; ele treina assim: ‘eu inspiro contemplando o desaparecimento’; ele treina assim: ‘ eu expiro contemplando o desaparecimento’; ele treina assim: ‘eu inspiro contemplando a cessação’; ele treina assim: ‘ eu expiro contemplando a cessação’; ele treina assim: ‘ eu inspiro contemplando a renúncia’; ele treina assim: ‘eu expiro contemplando a renúncia’- nessa ocasião, um bhikkhu permanece contemplando objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Tendo visto através da sabedoria o abandono da cobiça e desprazer, ele é aquele que observa atento com equanimidade. É por isso que nessa ocasião um bhikkhu permanece contemplando objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.

28. "Bhikkhus, é quando a atenção plena na respiração é desenvolvida e cultivada desse modo que esta realiza os quatro fundamentos da atenção plena.

Fonte: Acesso ao Insight

sábado, 30 de janeiro de 2010

Anapanasati Sutta - A Atenção Plena na Respiração

(Sessão Introdutória)
1. Assim ouvi. Em certa ocasião o Abençoado estava em Savatthi, no palácio da mãe de Migara, no Parque do Oriente, junto com muitos discípulos sêniores bem conhecidos - Ven. Sariputta, Ven. Maha Moggallana, Ven. Maha Kassapa, Ven. Maha Kaccana, Ven. Maha Kotthita, Ven. Maha Kappina, Ven. Maha Cunda, Ven. Anuruddha, Ven. Revata, Ven. Ananda, e outros discípulos sêniores bem conhecidos.

2. Naquela ocasião, os bhikkhus sêniores ensinavam e instruíam os bhikkhus júniores; alguns ensinavam e instruíam dez bhikkhus júniores, alguns ensinavam e instruíam vinte ... trinta ... quarenta bhikkhus júniores. E os bhikkhus júniores, ensinados e instruídos pelos bhikkhus sêniores, atingiram sucessivos estágios de distinção.

3. Naquela ocasião – no décimo quinto dia do Uposatha, na noite de lua cheia da cerimônia do Pavarana - o Abençoado estava sentado ao ar livre, rodeado pela Sangha dos bhikkhus, quando observando cuidadosamente a silenciosa Sangha dos bhikkhus, ele assim falou:
bhikkhus, ele assim falou:

4. "Bhikkhus, estou contente com esse progresso. Minha mente está satisfeita com esse progresso. Portanto, estimulem ainda mais energia para atingir o que não foi atingido, para alcançar o que não foi alcançado, para realizar o que não foi realizado. Eu esperarei aqui em Savatthi pela lua cheia do quarto mês de Komudi.”

...

8. "Bhikkhus esta Sangha está livre da fala inconseqüente, esta Sangha está livre da tagarelice. Ela é sólida como o cerne. Assim é esta Sangha dos bhikkhus, assim é esta assembléia. Uma assembléia como essa é merecedora de dádivas, merecedora de hospitalidade, merecedora de oferendas, merecedora de saudações com reverência, um campo inigualável de mérito para o mundo, assim é esta Sangha dos bhikkhus, assim é esta assembléia. Esta assembléia é uma comunidade tal que uma pequena oferenda se transforma num grande fruto e uma grande oferenda se transforma num fruto ainda maior – assim é esta Sangha de bhikkhus, assim é esta assembléia. Uma assembléia assim é rara, difícil de se encontrar neste mundo – assim é essa Sangha de bhikkhus, assim é esta assembléia. Por uma assembléia assim, valeria a pena uma longa viagem com um grande carregamento de alimentos para poder vê-la – assim é esta Sangha de bhikkhus, assim é esta assembléia.

...

(A Atenção Plena na Respiração)
15. "Bhikkhus, a atenção plena na respiração quando desenvolvida e cultivada traz grandes frutos e grandes benefícios. A atenção plena na respiração quando desenvolvida e cultivada realiza os quatro fundamentos da atenção plena. Os quatro fundamentos da atenção plena quando desenvolvidos e cultivados realizam os sete fatores da iluminação. Os sete fatores da iluminação quando desenvolvidos e cultivados realizam o verdadeiro conhecimento e a libertação.

16."Como, bhikkhus, a atenção plena na respiração é desenvolvida e cultivada de modo que traga grandes frutos e grandes benefícios?

17.”Aqui um bhikkhu, dirigindo-se à floresta ou à sombra de uma árvore ou a um local isolado; senta-se com as pernas cruzadas, mantém o corpo ereto e estabelecendo a plena atenção à sua frente, ele inspira com atenção plena justa, ele expira com atenção plena justa.

18. “Inspirando longo, ele compreende: ‘eu inspiro longo’; ou expirando longo, ele compreende: ‘eu expiro longo.’ Inspirando curto, ele compreende: ‘eu inspiro curto’; ou expirando curto, ele compreende: ‘eu expiro curto.’ Ele treina assim: ‘eu inspiro experienciando todo o corpo [da respiração]’; ele treina assim: ‘eu expiro experienciando todo o corpo [da respiração].’ Ele treina assim: ‘eu inspiro tranqüilizando a formação do corpo [da respiração]’; ele treina assim: ‘eu expiro tranqüilizando a formação do corpo [da respiração].’

19. “Ele treina assim: ‘eu inspiro experienciando êxtase’; ele treina assim: ‘eu expiro experienciando êxtase.’ Ele treina assim: ‘eu inspiro experienciando a felicidade’; ele treina assim: ‘eu expiro experienciando a felicidade.’ Ele treina assim: ‘eu inspiro experienciando a formação da mente’; ele treina assim: ‘eu expiro experienciando a formação da mente.’ Ele treina assim: ‘eu inspiro tranqüilizando a formação da mente’; ele treina assim: eu expiro tranqüilizando a formação da mente.’

20. “Ele treina assim: ‘eu inspiro experienciando a mente’; ele treina assim: ‘eu expiro experienciando a mente.’ Ele treina assim: ‘eu inspiro satisfazendo a mente’; ele treina assim: ‘eu expiro satisfazendo a mente.’ Ele treina assim: ‘eu inspiro concentrando a mente’; ele treina assim: eu expiro concentrando a mente.’ Ele treina assim: ‘eu inspiro libertando a mente’; ele treina assim: eu expiro libertando a mente.’

21. “Ele treina assim: ‘eu inspiro contemplando a impermanência’; ele treina assim: ‘eu expiro contemplando a impermanência.’ Ele treina assim: ‘eu inspiro contemplando o desaparecimento’; ele treina assim: ‘eu expiro contemplando o desaparecimento.’ Ele treina assim: ‘eu inspiro contemplando a cessação’; ele treina assim: ‘eu expiro contemplando a cessação.’ Ele treina assim: ‘eu inspiro contemplando a renúncia’; ele treina assim: ‘eu expiro contemplando a renúncia.’

22.”Bhikkhus, assim é como a atenção plena na respiração é desenvolvida e cultivada de modo que traga grandes frutos e grandes benefícios.

(continua)

Fonte: Acesso ao Insight

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Hsin Hsin Ming – Versos sobre a Fé na Mente

O Grande Caminho não é difícil
Para aqueles que não têm preferências.
Quando o amor e o ódio estão ambos ausentes
Tudo se torna claro e sincero.

Fazendo-se a menor distinção entretanto
O céu e a terra são colocados infinitamente distantes.
Se queres ver a verdade,
Então não tenha opiniões a favor ou contra coisa alguma.
Quando o profundo significado das coisas não é compreendido
A essencial paz da mente é perturbada inutilmente.

O Caminho é perfeito como o vasto espaço
Onde nada falta e nada está em excesso.
Na verdade, é devido à nossa opção em aceitar ou rejeitar
Que não vemos a verdadeira natureza das coisas.

Não vivas enredado pelas coisas externas,
Nem preso às sensações interiores de vazio.
Seja sereno na unidade de todas as coisas
E tais idéias errôneas irão desaparecer por si mesmas.

Quando tentas parar a atividade para alcançar a passividade,
O teu próprio esforço irá te devolver à atividade.
Enquanto permaneceres num extremo ou no outro
Nunca conhecerás a Unidade.

Aqueles que não vivem no Caminho Único
Falham tanto na atividade quanto na passividade,
Tanto na afirmação quanto na negação.

Negar a realidade das coisas é perder sua realidade.
Afirmar o vazio das coisas é perder sua realidade.
Quanto mais falares e pensares sobre isso,
Mais te desviarás para longe da verdade.
Pare de falar e de pensar,
E nada haverá que não possas conhecer.

Retornar à raiz é encontrar o significado,
Mas perseguir as aparências é perder a fonte.
No momento da iluminação interior
Há um caminho além da aparência e do vazio.

Às mudanças que parecem ocorrer no mundo vazio
Chamamos de reais somente porque somos ignorantes.
Não busques a verdade;
Apenas deixe de acalentar opiniões.

Não permaneças no estado dualístico;
Evite cuidadosamente tais investidas.
Se houver, mesmo que seja um traço,
Disto ou daquilo, do certo e do errado,
A essência da Mente se perderá na confusão.
Muito embora todas as dualidades provenham do Um,
Não fiques apegado a este Um.
Quando a mente existe impertubável no caminho,
Nada no mundo pode ofender,
E quando uma coisa não pode mais ofender,
Ela cessa de existir no velho modo.

Quando não surgem mais pensamentos discriminatórios,
A velha mente cessa de existir.
Quando os objetos do pensamento desaparecem,
O motivo do pensamento desaparece;
Assim, quando a mente desaparece, os objetos desaparecem

As coisas são objetos devido ao sujeito (mente):
A mente (sujeito) é assim devido às coisas (objeto).
Compreenda a relatividade de ambos
E a realidade básica: a unidade do Vazio.

Neste Vazio os dois são indistinguíveis
E cada um contém em si mesmo todo o mundo.
Se não discriminares o áspero do fino
Não serás tentado ao preconceito e à opinião.

Viver no Grande Caminho não é fácil nem difícil,
Mas aqueles com visões limitadas são temerosos e irresolutos;
Quanto mais se apressam, mais devagar eles vão,
E o apego não pode ser limitado;
Mesmo o apego à idéia de iluminação é andar sem rumo.

Deixe que as coisas sigam o seu próprio caminho
E não haverá mais o vir ou o ir.
Obedeça à natureza das coisas (tua própria natureza),
E caminharás livremente sem seres perturbado.

Quando o pensamento está escravizado, a verdade está oculta,
Pois tudo é indistinto e nada está claro
E a cansativa prática de julgar traz aborrecimento e cansaço.
Que benefício pode nos trazer a distinção e a separação?

Se queres te movimentar no Caminho Único
Não desgostes nem mesmo do mundo dos sentidos e das idéias.
Na verdade, aceitá-lo plenamente
É identificar-se com a verdadeira Iluminação.
O homem sábio não se esforça para alcançar qualquer meta,
Mas o homem tolo é escravo e ele mesmo se escraviza.

Há somente um darma, uma verdade, uma lei e não muitas.
As distinções surgem das aferradas necessidades do ignorante.
Buscar a Mente com a mente que discrimina é o maior de todos os erros.

O repouso e a intranquilidade derivam da ilusão;
Com a Iluminação não há o gostar e o desgostar.
Todas as dualidades surgem da dedução ignorante.
Elas são como sonhos ou flores no ar,
É tolice tentar capturá-las
O ganho e a perda, o certo e o errado:
Tais pensamentos têm que ser abolidos completamente.

Se o olho nunca dorme, todos os sonhos naturalmente cessarão.
Se a mente não fizer qualquer discriminação,
As dez mil coisas são o que elas são, uma única essência.

Compreender o mistério desta Única Essência
É ser liberado de todas as malhas a que estamos presos.
Quando todas as coisas são vistas igualmente
Alcançamos a atemporal Auto-essência.
Não são mais possíveis comparações ou analogias
Neste estado em que não há nem causas nem relações.

Considere o movimento estacionário e o estacionário em movimento
E ambos, o movimento e o repouso, desaparecerão.
Quando tais dualidades deixam de existir
A Unidade em si mesma não pode existir.
A esta finalidade última, nenhuma lei ou descrição pode ser aplicada.

Para a mente unificada de acordo com o Caminho
Cessam todos os esforços autocentrados.
As dúvidas e irresoluções desaparecem
E a vida na verdadeira fé é possível.
Com um simples golpe estamos livres da escravidão;
Nada nos prende e nós não nos prendemos à nada.

Tudo é vazio, claro, auto-iluminante,
Sem qualquer esforço do poder da mente.
Aqui o pensamento, o sentimento, o conhecimento e a imaginação
Não têm qualquer valor.
Neste mundo da Essencialidade
Não há nem ser nem outra coisa que seja o não-ser.
Para entrar diretamente em harmonia com esta realidade
Diga simplesmente quando a dúvida surgir: “ não dois”.
Neste “ não dois” nada é separado, nada é excluído.
Não importa quando ou onde,
A Iluminação significa entrar nesta verdade.
E esta verdade está além do aumento ou diminuição no tempo e no espaço;
Num simples pensamento estão dez mil anos.

O Vazio aqui, o Vazio lá,
Mas o universo infinito permanece sempre diante dos teus olhos.
Infinitamente grande e infinitamente pequeno;
Sem diferença, pois a definições desaparecem
E nenhum limite é visto.
Isso também ocorre com o Ser e o não-Ser.
Não perca tempo com dúvidas e argumentos que nada têm que ver com isso.

Uma coisa, todas as coisas;
Movem-se e se mesclam sem distinção.
Viver nesta realização
É não ter ansiedade acerca da não-perfeição
Viver nesta fé é a estrada para a não-dualidade,
Porque o não-dual é uno com a mente confiante.

Palavras!
O Caminho está além da linguagem,
Pois nele não há nem o ontem, nem o amanhã, nem o hoje.

escrito por Jianzhi Sengcan (Kanchi Sôsan Daioshô)
3º ancestral da linhagem chinesa

- Tradução para o inglês de Richard B. Clarke
- Tradução para o português de Murillo Nunes de Azevedo


Fonte: Sanga Soto Zen Budista Águas da Compaixão

terça-feira, 1 de setembro de 2009

domingo, 9 de agosto de 2009

Sange mon (Ato de arrependimento)

Ga shaku sho zo sho aku go.
Todo karma negativo cometido por mim.

Kai yu mushi ton jiin chi.
Devido a minha ganância, ódio e ignorância.

Ju shin kui shi sho sho.
Cometido pela minha boca, corpo e mente

Isai go kon kai san ge.
Agora e sempre me arrependo.

domingo, 26 de julho de 2009

Saudações aos Buddhas (Shôrai)

Honoráveis Sete Buddhas do Passado.
Honorável Buddha Shakyamuni.
Honorável Buddha Maitreya.
Honorável Boddhisattva Manjusri.
Honorável Boddhisattva Avalokitesvara
Honoráveis Boddhisattvas de Sucessivas Gerações